(Transcrição completa)
---
Estimados Colegas e outros Senhores Radioamadores, cordiais cumprimentos
A ARVM – Associação de Radioamadores da Vila de Moscavide, que represento por inerência de funções, sou o Presidente da Direcção, e eu próprio, titular de licença de radioamador, com o indicativo CT1ESA, julgamos que na polémica levantada na comunicação social sobre a segurança nas comunicações, foi criada e alastrada uma indignação geral sobre as afirmações feitas por uma jornalista no exercício das suas funções, normalmente desagradáveis a alguém.
Tal como um jornalista normalmente não sabe tudo sobre o que escreve, (apoiando-se em alguém, acreditando na competência do informador ), também a maioria dos radioamadores pouco ou nada sabem de jornalismo e de muitas outras componentes da informação.
Se na verdade o Director da Publicação assume o trabalho do jornalista, este assume a informação de quem se presta a ser informador, desde que seja publicado.
Ambos têm responsabilidade.
Voltemos agora ao assunto da polémica:
NO Diário de Notícias do dia 16 de Agosto de 2006, entre vários artigos que enchem as páginas 2 e 3 , na terceira página em REPORTAGEM com o título “A SEGURANÇA ANDA PARA TRÁS, NÓS JÁ ESTAMOS À FRENTE “ , a partir do terceiro parágrafo, em nosso entender, começam verdadeiramente as razões de preocupação para os verdadeiros e honestos radioamadores. Em nosso nome falaram dois cidadãos inconscientes, capazes de tudo, e sob secretismo (sic) praticaram o pior serviço possível ao radioamadorismo, tendo até confessado ter praticado crime grave de terrorismo, como explicarei mais adiante.
Diz o terceiro parágrafo que foi marcado um encontro, envolto em secretismo, com dois radioamadores. Avançou-se para uma zona onde fosse possível penetrar melhor no espectro radioeléctrico. O Presidente da Republica estava próximo…..
Dois aparelhos, dois homens, um só objectivo: mostrar alguns equipamentos disponíveis no mercado nacional que, em caso de uso indevido, facilmente são instrumentos de auxílio ao crime organizado ou outras acções ilícitas
Quem são estes senhores radioamadores que se tentaram esconder no secretismo ? Porquê? Em nome de quem? Quem não sabia já o que eles tentaram vender como novidade?
Com um Kenwood FH-F7, que pode utilizar duas frequências distintas em simultâneo, um radioamador que está preocupado com a fragilidade do sistema de comunicações mostra ao DN algumas potencialidades do equipamento – Diz o artigo do DN.
Será que a jornalista que assina o artigo é ingénua ou também ganhou dinheiro com a publicidade descarada ? Seria esse o objectivo dos informadores ? Não acredito porque deram provas de não terem inteligência para tanto.
Os dois falsos e incompetentes denunciantes, para demonstrar o que queriam demonstrar, foram reunindo contra si provas mais que suficientes para responderem por crimes diversos em sede própria. Ilegalmente escutaram com intenção frequências proibidas aos radioamadores, deram provas de ter em seu poder listagens de frequências reservadas, tentaram demonstrar que a segurança do Estado anda para trás, que eles é que estavam à frente.
Estavam eles e todos os que livre e impunemente escutam tudo e todos porque a compra de equipamentos é livre. São os camionistas, pelos vistos os polícias em folga, são os operadores de reboques que estão à escuta para primeiro chegar ao lugar do acidente, tal como o fazem alguns jornalistas para serem os primeiros a chegar a tudo o que interessa e que seja objecto nas comunicações das autoridades ou serviços de emergência, são os simples curiosos. Quem não sabia disso? Só uma jornalista ?
Penso que antes do mais grave, deverá aqui ser feito um esclarecimento. Esta tomada de posição é exclusivamente enraizada em matérias em que o radioamadorismo porventura foi vítima de dois radioamadores. Quaisquer outras razões de interesse económico ou político ou jornalístico, não têm aqui razão de ser.
Vou repetir a última frase de um deles “ A segurança do Estado anda para trás, nós já estamos muito à frente “ . – Slogan digno de um terrorista das muitas organizações que consomem frases destas.
Mas tão grave se torna que exige a intervenção do Ministério Público e da ANACOM.
Esses senhores , ou um deles, segundo está impresso no Diário de Notícias em que nos baseamos, do dia 16 de Agosto de 2006, Página 3 – REPORTAGEM -. 6º parágrafo,
“ Relatam a primeira vez que “controlaram” o voo de um 747, a pedir autorização de aterragem no Aeroporto da Portela. Asseveram que nunca alguém os localizou. Controlamos tudo e todos, basta perder algum tempo para estar à escuta, afiançam ambos.
Como Piloto de Linha Aérea na reforma, nunca poderei deixar de entender e exigir intervenção de quem de direito para julgar as atitudes confessas e estupidamente orgulhosas destes dois potenciais terroristas, que afirmam e relatam a primeira vez que controlaram o voo de um 747 - Quantas vezes mais o fizeram ou poderão vir a fazer ?
Acuso, por ser merecedora de crítica e de indignação, a atitude alarmista, desconhecedora e mal fundamentada, manifestada no artigo publicado a que fiz referência, nada dignificando o Diário de Notícias, nem os profissionais envolvidos.
Não é oportuno falar dos radioamadores ou de vir em defesa da classe. Há que compreender que quantos mais forem os radioamadores ou qualquer outro tipo de associativismo, maiores as probabilidades de existirem excepções. Todos, em todos os grupos de que fazemos parte na nossa vida, sabemos que o factor cultura é predominante e que contra isso nem sempre é possível encontrar soluções fáceis.
73
Presidente da ARVM
CT1ESA – Jorge Cruz Galego
