Sunday, March 12, 2006

A TEORIA DA CONSPIRAÇÃO?

E-mail do Presidente da Direcção da ARAL, Paulo Nuno, CT1EWA, desta data:

Caros Colegas
Decorrido algum tempo após as reuniões da ANACOM com as Associações de
Radioamadores, observo com alguma preocupação, o mutismo dos dirigentes
associativos.
Este comportamento, vem na "linha" do silêncio com que se gere o passado e fugaz
relacionamento com o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, bem como o
actual plano de repetidores de VHF/UHF.

Como é do conhecimento, em 2002, 2003 e 2004 o S.N.B.P.C. fez uma aproximação aos
Radioamadores, que "rescindiu" após o EURO2004.
Na sequência desta aproximação, desenvolveram-se conjuntamente várias acções, cuja
referência principal terá sido o Congresso das Comunicações de Emergência por
Radioamadores efectuado na Figueira da Foz e a assinatura de um protocolo de
cooperação, com a entrega de equipamentos às associações participantes e
sub-escreventes do protocolo.
Após o conhecimento generalizado "desta oferta", surgiram em turbilhão um sem número
de pedidos de doação de equipamentos por parte de entidades e radioamadores que na
sua maioria, até à data da realização do Congresso e sua conclusão, se abstiveram de
participar nas actividades até aí desenvolvidas.

Terminado que foi o Euro2004, o SNBPC optou por ignorar os protocolos e os
radioamadores. Não dei conta de qualquer movimento ou pretensão das associações
aderentes ao protocolo e dos reclamantes pós-protocolo, na tentativa de forçar o
S.N.B.P.C. a reatar o seu relacionamento com os radioamadores e a cumprir e fazer
cumprir o protocolo assinado na Figueira da Foz.

É incompreensível este posicionamento dos radioamadores e associações!

Será no entanto conveniente referir e saudar, o excelente trabalho desenvolvido por
algumas associações de radioamadores, que localmente promovem e executam actividades
comuns com os Serviços Municipais e Distritais da Protecção Civil.

O recente processo de licenciamento de repetidores é sintomático e na mesma linha de acontecimentos.
Surgiram pedidos sobre pedidos de licenciamento de repetidores, muitos de entidades
desconhecidas ou quase desconhecidas (um óptimo sinal), e de outras que se ergueram
e rejuvenesceram das cinzas.
Se olharmos para o mapa de distribuição dos repetidores de amador em VHF/UHF de
Portugal, sobressai facilmente a consequência deste processo:
- Repetidores em cima de repetidores
- Localidades com repetidores a duplicar, na mesma banda.

Mas, o mais extraordinário e grave é o facto de se ter feito um novo plano de
repetidores sem um prévio debate inter-associativo que certamente teria originado a
apresentação à entidade reguladora, de um projecto comum!

Quanto a mim existe um único culpado: nós, os radioamadores!

Em Portugal as associações continuam a querer demarcar os seus territórios e de
forma egoísta não se unem através de uma entidade sua representante, sede de debate e discussão dos assuntos da classe, gerador de consensos e maiorias, com objectivos e fins comuns.


Mas passado é passado, há que não cometer os mesmos erros no futuro (isto é lírico)!

Na derradeira reunião individuais com a ANACOM, todas as associações foram
confrontadas com algumas propostas para o novo regulamento das comunicações por
radioamadores, nomeadamente no que diz respeito às classes e indicativos.

Excluindo um colega que voluntariamente se ofereceu para organizar encontros
inter-associativos de debate, não me apercebi de qualquer outra movimentação sobre o
assunto.

Será que a alteração à lei fundamental do serviço de amadores, não terá que ter a
participação dos radioamadores?

O que pretendem as Associações e os radioamadores obter com este alheamento e falta
de coesão?

O momento é grave, caricato e incompreensível, pois:

- A ANACOM, na pessoa do actual responsável pelas comunicações de amadores, Eng.º
Carlos Antunes e do Eng.º Alberto Dinis, presta-se ao diálogo (num trabalho louvável
de ambos) com as Associações e com os radioamadores.

- As Associações não dialogam, não se unem, evitam encontrar nas suas diferenças
equilíbrios, gerar consensos e definir rumos!
Em Portugal o radioamadorismo, institucionalmente, continua a ser um projecto adiado.
É uma actividade desunida, permeável e frágil, sem resistência aos interesses
exteriores, sem um rumo definido, sem um interlocutor forte que defenda e represente
os interesses das associações de radioamadores e dos radioamadores.

As consequências estão à vista e o futuro vislumbra-se sempre condicionado ao
feudalismo que impera a nível associativo.

Será que esta é uma teoria da conspiração, inventada e perpetrada por mim?

73's
Paulo Santos
CT1EWA

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